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03 setembro 2025

Devedor Contumaz


Encontra-se em tramitação no poder legislativo um norma que trata do devedor contumaz, figura prevista na legislação para caracterizar empresas que adotam a inadimplência sistemática como estratégia de negócio. A medida tem impacto direto na área fiscal, pois busca coibir práticas que geram concorrência desleal e reduzem a arrecadação tributária. A regulamentação define critérios para identificar esses contribuintes e permite a aplicação de sanções específicas, como maior fiscalização e restrições a benefícios fiscais. A proposta reforça o objetivo do Estado de proteger a receita pública, garantindo que empresas cumpram suas obrigações tributárias e que a carga fiscal não recaia de forma desigual sobre quem paga corretamente.

O texto já foi aprovado no senado e deve voltar para Câmara

02 setembro 2025

Valor das patentes científicas

 O resumo:

Estimar o valor privado das patentes é importante, mas desafiador. Ao desenvolver um método que utiliza os retornos do mercado de ações para produzir uma distribuição de valores de patentes (e não apenas uma estimativa da média dessa distribuição), Kogan, Papanikolaou, Seru e Stoffman (2017) (KPSS) abriram caminho para novas pesquisas. Pesquisadores têm usado essas estimativas para comparar os valores médios de diferentes tipos de patentes. Neste artigo, argumentamos que os valores de KPSS não devem ser usados em sua forma atual para comparar as médias de diferentes grupos de patentes, e mostramos que isso é o caso no contexto de pesquisas sobre os retornos privados de patentes científicas. Estendemos o método original de KPSS para permitir que as patentes sejam extraídas de duas distribuições de valor distintas. Usando essa abordagem, constatamos que as patentes científicas possuem um valor médio mais alto em comparação às patentes não científicas.

O desenvolvimento de método de estimativa de patente é importante para destravar o reconhecimento deste item como ativo 

Escravo e cadeia de produção


O artigo “Chains of Credit: The Entrepreneurial Advantage of Slavery”, publicado no JSTOR Daily, destaca como a liquidez associada às pessoas escravizadas transformou-as em ativos financeiros fundamentais no sistema capitalista norte-americano do século XIX. Cadeias de crédito conectavam “plantadores do Mississippi” a intermediários de algodão em Nova Orleans, e esses, por sua vez, a banqueiros de Nova York e mercadores de Liverpool — criando uma intrincada teia financeira global baseada em escravidão.

A escravidão não era meramente trabalho forçado, mas também uma forma de capital altamente negociável, utilizada como garantia para hipotecas, contratos de seguro e garantias. O número de escravizados era contado integralmente para fins de representação legislativa, embora não tivessem direitos de voto. Além disso, o comércio de pessoas escravizadas para o Sul era mais lucrativo do que seu uso no trabalho agrícola local.

Fiquei na dúvida se faz sentido a posição do autor. O ano de 1858, citado no texto, já marcava uma redução drástica no comércio mundial de escravos. 

IA e duas notícias


A primeira:

Os desenvolvedores de medicamentos estão aumentando a adoção de tecnologias de inteligência artificial para testes de descoberta e segurança de novas drogas a fim de obterem resultados mais rápidos e mais baratos, em linha com um impulso da agência norte-americana que regula o setor (FDA) para reduzir os testes em animais em um futuro próximo.

Nos próximos três a cinco anos, o uso da IA e a redução dos testes em animais poderão acelerar cronogramas e diminuir custos em pelo menos 50%, de acordo com 11 especialistas diferentes de empresas de pesquisa contratadas, companhias de biotecnologia e corretoras.
 

A segunda:

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Início: segunda-feira, 1º de setembro.

 

Finanças públicas brasileiras e a solução

The Economist, via aqui

Talvez a maior razão para o gasto elevado seja o fato de que a constituição o exige. A carta determina um extraordinário 90% de todo o gasto federal. Notavelmente, ela vincula a maior parte das aposentadorias públicas ao crescimento dos salários e exige que os gastos com saúde e educação aumentem em linha com o crescimento da receita. Se o Brasil eliminasse a maior parte das isenções fiscais e revertesse essas duas políticas, sua relação dívida/PIB — que já está acima de 90% — seria quase 20 pontos percentuais menor em 2034 do que seria sem qualquer reforma, estima o FMI. Para lidar com tudo isso, o que realmente é necessário é emendar a constituição.

Os altos gastos e a confusão de esquemas de crédito subsidiado também reduzem a eficácia da política monetária. Isso significa que o banco central precisa elevar ainda mais os juros para controlar a inflação. A taxa real de juros do Brasil, de 10%, está entre as mais altas do mundo. Taxas tão elevadas sufocam o investimento e reduzem o crescimento, enquanto empresários bem conectados conseguem acesso a taxas artificialmente baratas. Entre aqueles que precisam pagar a taxa integral está o próprio governo.

As isenções fiscais somam 7% do PIB, acima dos 2% em 2003 (ver gráfico 2). Dezenas de setores recebem benefícios fiscais ou subsídios de crédito sob a justificativa de que são campeões nacionais, ou a partir de ajudas “temporárias” que nunca terminaram. O Judiciário brasileiro custa 1,3% do PIB, sendo o segundo mais caro do mundo, com grande parte desse valor destinada a aposentadorias e benefícios generosos. Cerca de US$ 15 bilhões por ano, ou 78% do orçamento militar, são gastos com pensões e salários. Os Estados Unidos gastam apenas um quarto do orçamento de defesa com pessoal.

Isto deveria aparecer claramente no balanço do setor público.  

Reliogisidade e ceticismo profissional

Muito interessante: 


 

Esta pesquisa analisou a influência da religiosidade no ceticismo profissional em auditores independentes no Brasil. Realizou-se um estudo de levantamento survey exploratório e de abordagem quantitativa. O estudo foi executado com auditores independentes de empresas Big Four e Não Big Four, através do uso de questionário enviado pela rede social profissional LinkedIn®. O questionário foi elaborado através da ferramenta Google Forms, contendo 40 questões, sendo cinco de religiosidade da escala de Durel (2010), 30 da escala de ceticismo profissional de Hurtt (2010) e cinco perguntas demográficas. O acesso ao questionário foi fornecido através de link de acesso para 1484 auditores independentes, obtendo-se um retorno de 205 respostas. Para efetuar a análise dos dados, usou-se estatística descritiva, correlação de Person e regressão linear simples. Constatou-se que o nível de ceticismo profissional é maior no gênero masculino e que as mulheres obtêm maiores resultados na característica de suspensão de julgamento, além de serem mais religiosas. Embora a religiosidade, considerada como uma variável agregada, não tenha demonstrado influência estatisticamente significativa sobre o ceticismo profissional de forma global, análises mais aprofundadas revelaram que, ao desmembrar tanto a religiosidade quanto o ceticismo em suas dimensões específicas, emergem relações estatisticamente significativas entre determinados aspectos dessas variáveis. Os resultados podem indicar que a influência da religiosidade sobre o ceticismo não é uniforme, mas varia conforme o tipo de religiosidade (organizacional, não organizacional, intrínseca) e conforme a dimensão do ceticismo.

Fonte: Oliveira, D. J. de & Schlotefeldt, J. de O. (2025). Influência da religiosidade no ceticismo profissional em auditores independentes no Brasil. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ, 30(1), 58-73. 

Vantagem da padronização

Mas o que tornou Whitworth [foto] mais famoso foi algo chamado British Standard Whitworth – BSW.


Até então, diferentes fabricantes de máquinas-ferramenta usavam diferentes designs para suas peças. Para os usuários finais – na verdade, qualquer pessoa envolvida na indústria naquele momento – isso era enlouquecedor. Se você tivesse uma máquina a vapor feita pela Empresa X e um dos parafusos fosse danificado, ele só poderia ser substituído por um parafuso fornecido pela Empresa X ou por um de seus vendedores. Caso contrário, o parafuso não serviria.

Junto com Clement, Roberts e outros ex-alunos de Maudslay, Whitworth foi um forte defensor da padronização de peças como porcas, parafusos e fixadores. Assim, em 1841, ele se sentou e escreveu o que acreditava que deveriam ser os padrões. As roscas dos parafusos deveriam ser feitas em um ângulo de 55 graus, com profundidades e raios muito específicos. Na década de 1870, à medida que as ferrovias se tornaram cada vez mais frustradas com os diferentes sistemas em uso, disseram: “sim, Whitworth estava certo”. Na década de 1890, todos já usavam o BSW.

[Whitworth morreu em 1887] [Via aqui]

A padronização permitiu que as empresas de fabricação de motores não precisassem concentrar na produção de parafusos, podendo terceirizar com a especificação determinada por ele. 

De certa forma, ele antecedeu ao ISO. O exemplo pode ser usado para lembrar a vantagem da padronização.