Translate

24 abril 2024

Música para os ouvidos dos investidores: Spotify dá lucro

A maior plataforma de streaming de música do mundo divulgou ontem um dos seus melhores trimestres financeiros de sempre: o lucro bruto do Spotify atingiu €1 bilhão (~$1,08 bilhão) pela primeira vez nos 18 anos de história da empresa, à medida que as receitas aumentaram 20% e a empresa reportou mais de €800 milhões em fluxo de caixa livre nos últimos 12 meses.

Esses números principais fizeram as ações subirem mais de 11% e impressionaram os investidores do Spotify — que já estavam se cansando da longa luta da empresa para gerar lucro — mas, nem tudo no relatório foi música para os seus ouvidos. Por exemplo, o número de usuários não aumentou tanto quanto o esperado, mesmo com os ativos mensais crescendo 19% ano a ano e os assinantes pagos subindo mais moderadamente, 14% no mesmo período.


Deixe a música falar

O cofundador e CEO Daniel Ek foi rápido em apontar o impacto que os cortes de pessoal em dezembro, que resultaram na perda de empregos de cerca de 1.500 trabalhadores, tiveram, dizendo aos investidores que as demissões perturbaram as operações diárias "mais do que [eles] anteciparam". No entanto, uma nova rodada proposta de aumentos de preços poderia ajudar a manter os lucros saudáveis, com as assinaturas premium previstas para aumentar de $1 a $2 em vários mercados este mês, e nos EUA, mais tarde este ano.

Se todos os 239 milhões de assinantes pagos do Spotify continuarão por perto durante o aumento, o segundo em tantos anos, é outra questão inteiramente. Ek e outros executivos estarão esperando que a contínua expansão global da oferta de audiolivros do streamer, bem como sua crescente gama de recursos de IA, sejam suficientes para aplacar os reclamantes focados em custos.

Fonte: aqui

Avanço da Inteligência Artificial e o desafio de dados de alta qualidade para treinamento

À medida que a IA se tornou comum, as empresas não têm se acanhado em implementar a tecnologia — aplicando-a a tarefas manuais e repetitivas e até mesmo citando-a como razão para demissões em massa.

Mas como a IA se compara aos humanos em tarefas técnicas? Um novo relatório, o Índice de IA de 2024 da Universidade Stanford, resume onde a tecnologia emergente está.


A manchete é que avanços recentes anunciaram uma melhoria sem precedentes no desempenho dos modelos de IA em testes de referência. Por muito tempo, a IA tem sido capaz de identificar o que está em uma imagem, mesmo enquanto sites nos pedem para provar incessantemente que não somos robôs, clicando em imagens de semáforos ou placas de parada.

Mas agora, a IA está realizando raciocínio visual e matemática — matemática seriamente difícil.

De fato, o Índice de IA de 2024 relata que os modelos passaram de pontuar menos de 10% do desempenho relativo dos humanos para mais de 90% em apenas 2 anos em matemática de nível competitivo. Em tarefas mais simples, os modelos de IA avaliados já superam os benchmarks humanos relevantes.

A boa notícia para quem está preocupado em perder o emprego é que os pesquisadores de IA estão cada vez mais preocupados com a falta de dados de alta qualidade para treinar seus modelos, com alguns prevendo que o fornecimento disponível será esgotado até 2026. Essa escassez pode forçar os desenvolvedores a depender cada vez mais de dados gerados por IA, ou 'sintéticos', para treinar novos modelos. A solução da Adobe? Pagar às pessoas US$ 3 por minuto por vídeos delas tocando coisas.

(Grifo meu). Fonte: aqui

23 abril 2024

Disponível e volatilidade do caixa

O meu breve estudo sobre o disponível das empresas de capital aberto no Brasil focou na dispersão do caixa e na relação entre o caixa e o ativo. Usando os dados de junho de 2019 a dezembro de 2023, calculei a dispersão, medida pelo coeficiente de variação, para cada empresa. Na média, os valores ficaram em 66%, mas algumas empresas apresentaram um valor bastante reduzido, de 7,2% (Bic Monark) até mais de 300% (Celgpar, que passou no crivo inicial de excluir as participações por meio do setor outros). Detalharei essa estatística a seguir.


Para fins de comparação, considerei a relação do disponível pelo ativo de dezembro de 2023. Será que a dispersão do disponível nos períodos anteriores afetou a propensão das empresas a criar maiores reservas? Eu esperaria que sim, já que quando o disponível é muito volátil, as empresas tendem a ser mais conservadoras na criação de reservas financeiras. Ou seja, quanto maior o índice de CV, maior também deveria ser o índice de disponível por ativo. Isso parece fazer sentido. Se isso fosse verdadeiro, o gráfico deveria mostrar uma relação direta entre as variáveis. Plotei os resultados no gráfico e a figura a seguir mostra que a relação é contrária ao esperado.


Calculei a correlação e o resultado foi de -0,30, o que é significativo. O gráfico esclarece um pouco o que ocorreu: algumas empresas, com elevada dispersão e baixa relação entre caixa e ativo, puxaram o resultado. Fiz diversas tentativas de excluir esses casos atípicos, mas o resultado persistiu. Tenho uma possível explicação para isso, que não cheguei a testar: talvez a sazonalidade seja responsável pelo resultado. Empresas com maior sazonalidade podem ter uma grande dispersão e o final do ano pode ser um momento de pagamentos, como o décimo terceiro. Mas isso seria apenas uma especulação.


Concluindo, a relação entre a volatilidade dos recursos disponíveis e a propensão das empresas a manterem reservas financeiras parece ser intrigrante. Apesar de uma expectativa inicial de que maior volatilidade levaria a maiores reservas, os dados mostram o oposto, com uma correlação negativa significativa entre estas variáveis. Essa descoberta sugere que outros fatores, como a sazonalidade dos negócios, podem influenciar as decisões financeiras das empresas de maneira mais complexa do que o previsto. 

Volume de caixa

A tabela a seguir mostra as cinco maiores empresas brasileiras por volume de caixa e equivalentes. Os valores estão em bilhões de reais e é possível notar que a empresa de petróleo Petrobras foi a maior entre as empresas brasileiras no volume de caixa, exceto durante o auge da pandemia, quando o posto foi ocupado pela Vale. Além dessas duas empresas, a Ambev sempre esteve presente na relação. Ao longo do tempo, as demais posições foram ocupadas por diversas empresas. 


O problema dessa informação é que os dados estão em valores nominais. Para ter uma melhor dimensão ao longo do tempo, fiz a correção dos valores usando o INPC do IBGE. Na nova tabela, todos os valores estão a preços de dezembro de 2023 e é possível perceber melhor que a Petrobras chegou a ter um disponível de quase 150 bilhões, a preços de dezembro de 2023, no final de 2015. Nos anos seguintes, a gestão da empresa reduziu o volume de recursos para menos da metade. Um caso interessante é o da Vale, que em 2020 tinha 86 bilhões disponíveis e terminou 2023 com 17 bilhões. É bom lembrar que a empresa estava preparando as reparações do desastre ambiental e tinha cortado, um ano antes, o pagamento de dividendos.


Reservas Financeiras Durante Períodos de Incerteza

O montante de recursos disponíveis mantido por uma empresa é uma informação crucial. Em um mundo ideal, caso haja necessidade de recursos adicionais, a empresa rapidamente captaria no mercado financeiro, o que significaria que a quantidade de dinheiro em caixa não precisaria ser substancial. No entanto, vivemos em um mundo repleto de incertezas e imprevistos frequentes. Nessas circunstâncias, ter uma reserva de caixa pode ser vital para lidar com eventos inesperados e proteger-se de possíveis contingências. 

Além disso, possuir uma reserva de caixa assegura que as operações diárias da empresa não sejam interrompidas por instabilidades financeiras e que oportunidades de negócios não sejam perdidas. 

A tabela a seguir apresenta o volume de recursos disponíveis de empresas de capital aberto, excluindo-se aquelas do setor financeiro e as classificadas em outros setores, que geralmente incluem empresas de participações. Para permitir uma comparação justa entre empresas de diferentes tamanhos, como a Petrobras e a menor Hercules, o valor dos recursos disponíveis é dividido pelo total de ativos.  


Para analisar o comportamento das empresas, utilizei a mediana da relação entre os recursos disponíveis e o ativo total. A mediana é mais eficaz que a média no tratamento de valores extremos. Calculei também o desvio dessas medidas para determinar se a dispersão entre as empresas aumentou ou diminuiu ao longo do tempo.  

Observa-se que o volume de recursos em caixa teve um aumento significativo em 31 de dezembro de 2020. Posteriormente, houve uma redução, estabilizando-se em torno de 6% nos anos seguintes. O aumento observado no final de 2020 pode ser explicado pela precaução: diante de um cenário de incerteza, os gestores financeiros optaram por incrementar os recursos disponíveis, que funcionam como uma reserva financeira para as empresas. Como nem todas as empresas conseguiram aumentar sua proporção de caixa, a dispersão dos dados também cresceu, atingindo o maior valor do período analisado.  

A análise do volume de recursos disponíveis nas empresas de capital aberto evidencia uma estratégia prudente adotada pelos gestores financeiros, especialmente em tempos de incerteza. O aumento desses recursos no final de 2020, durante a pandemia, destaca a importância de manter uma reserva financeira robusta para enfrentar imprevistos sem comprometer as operações diárias. Este comportamento cauteloso dos gestores não apenas reflete uma resposta às flutuações do mercado, mas também destaca a relevância de práticas de gestão de risco eficazes em ambientes empresariais voláteis.

Necessidade de Investimento em Giro em cinco empresas de varejo

Cinco empresas comerciais foram analisadas sobre a necessidade de investimento em capital de giro. Selecionei a Raia Drogasil e a Pague Menos, duas redes de farmácias; a Vivara, uma loja de artigos de luxo; o supermercado Pão de Açúcar e a Marisa. Utilizando os dados de junho de 2019 até dezembro de 2023, selecionei as contas de valores a receber, estoques e fornecedores. A soma dos dois primeiros, menos a subtração do terceiro, representa a necessidade de recursos que a empresa tem para investir no capital de giro. Os dados estão em milhões de reais, e a tabela abaixo apresenta a média das três contas, além da média da NIG.

Houve dezenove observações, com variações ao longo do tempo. As empresas Drogasil, Vivara e Pague Menos apresentaram uma evolução ao longo dos trimestres estudados. Um exemplo é o volume de estoques da Drogasil, que aumentou de 3 bilhões para 7,2 bilhões no final de 2023, uma evolução bastante expressiva. Por outro lado, a empresa Vivara lida com elevada sazonalidade. No final de dezembro de 2023, o volume de valores a receber dos clientes chegou a 831 milhões, sendo que no final do trimestre anterior era de 515 milhões.

O Pão de Açúcar viu um esvaziamento por conta da venda da rede Extra para o Carrefour e a cisão na empresa. O valor de fornecedores, que estava em 14,9 bilhões no final de 2019, caiu para 3,3 bilhões em 2023, em 31 de dezembro. A Marisa reflete o impacto da recuperação judicial, resultado de erros de gestão. A conta de fornecedores manteve-se na casa dos 400 milhões de reais na maior parte do período, enquanto o estoque, que era de 437 milhões no início do período analisado, caiu para 146 milhões, em dezembro de 2023. A redução na conta de clientes foi ainda maior: de 749 milhões em junho de 2019 para 70 milhões em dezembro de 2023.


Também calculei a dispersão de cada conta ao longo do período. O valor está na parte do meio da tabela. É impressionante a consistência do resultado da Drogasil, já que a dispersão, em relação à média, foi de 29%, 25% e 28% para as três contas. A Pague Menos também segue nessa linha (21%, 31% e 22%). Já a Vivara, que possui elevada sazonalidade, apresenta uma dispersão, medida pelo coeficiente de variação, variando em 40%, 35% e 67%, respectivamente.

Destaquei a consistência da Drogasil por outra razão: a elevada correlação entre as três contas do investimento em giro. Há uma sincronia nas contas, já que, quando há um aumento nos estoques, o mesmo ocorre com valores a receber e fornecedores. A correlação, a medida estatística que mensura a relação entre dois conjuntos de dados, é próxima da unidade, o valor máximo possível. Além disso, é positiva nos três cálculos, indicando que a relação é direta: um aumento nos estoques será observado também com um aumento em fornecedores, por exemplo.

A relação entre estoques e fornecedores para a Pague Menos e o Pão de Açúcar segue o mesmo padrão, mas na Marisa, o resultado foi -0,22, indicando uma baixa relação e valores negativos. Novamente, isso é reflexo da recuperação judicial.

21 abril 2024

Xadrez: Torneio dos Candidatos - 1

 Anteriormente postei

No lado open, também são oito candidatos: dois americanos, um francês (nascido iraniano), três indianos, um azeri e um russo. O favorito é Fabiano Caruana, um descendente de italianos, que possui o segundo maior rating atual, com 2801. Em 2014, Caruana chegou a marcar a terceira maior pontuação da história, atrás somente de Carlsen, o melhor jogador de todos os tempos, com uma pontuação de 2889, que não está competindo, e de Kasparov, que chegou a ter 2857. Mas não descarto Ian Nepomniachtchi, conhecido como Nepo, que por duas vezes foi desafiante ao título e perdeu. Atualmente temos uma grande geração de jogadores oriundos da Índia, e o jovem de 18 anos, Praggnanandhaa R, além de Vidit Gujrathi, que tem 29, são fantásticos. Mas Gukesh, com apenas 17 anos, talvez seja o grande destaque. A pontuação dos três estaria na casa dos 2752 (Praggnanandhaa), 2748 (Gukesh) e 2729 (Vidit). Passada metade dos jogos, Nepo lidera com 4,5 pontos, seguido de Gukesh, Praggnanandhaa e Caruana, todos com 4 pontos. Ou seja, ainda haverá muita disputa. Somente Nepo e Caruana estão invictos. Quem vencer irá disputar o título contra o chinês Liren Ding, que possui atualmente a sexta pontuação do mundo.


No momento que posto, Gukesh acaba de conquistar o direito de desafiar o atual campeão mundial, Liren Ding. Apesar de ter somente 17 anos, o indiano superou um derrota contra o ex-iraniano (atual francês) Firouzja (penúltimo do torneio) onde cometeu um erro de cálculo, para brilhar nas rodadas seguintes. Na última rodada, a combinação de resultados favoreceu Gukesh. 

Dommaraju Gukesh, comumente conhecido como Gukesh D, é uma das jovens promessas do xadrez indiano e um dos mais jovens Grandes Mestres (GM) da história do xadrez. Ele conquistou o título de GM aos 12 anos e 7 meses em 2019, destacando-se por seu rápido progresso. Caso Gukesh vença a disputa irá bater um recorde: o mais jovem campeão de xadrez do mundo. Anteriormente, Kasparov venceu o título com 22 anos. Gukesh baterá o recorde com folga. 

18 abril 2024

Influência e clima

A revista Time escolheu 100 pessoas influentes no mundo. Um nome brasileiro somente:


Coragem profundamente enraizada e tenacidade inabalável definem esta mulher notável. Uma nativa da Amazônia de uma família de seringueiros, Marina Silva aprendeu a ler e escrever na adolescência. Ela seguiu para se tornar uma das Senadoras mais influentes do Brasil e concorreu à presidência. Hoje, como Ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, ela está reconstruindo a capacidade do Brasil de interromper o desmatamento ilegal desenfreado na Amazônia, uma missão que tem sido o centro de sua vida política e ativista. Contra todas as probabilidades, ela está corajosamente impulsionando uma transição doméstica de energia centralizada em combustíveis fósseis para energia renovável gerada localmente. Internacionalmente, ela defende que reconsideremos nossas perspectivas limitadas sobre o que a proteção da natureza pode custar e, em vez disso, abraçamos um entendimento mais abrangente do impacto econômico extraordinário e do valor que a natureza oferece. Neste verão, ela defenderá o conceito durante a cúpula do G-20 no Brasil.

Troca de auditor e reapresentação


Eis o resumo: 

Objetivo: o objetivo foi analisar se empresas que reapresentaram as Demonstrações Financeiras (DFs) sofreram alterações nos honorários e/ou mudança da firma de auditoria no ano subsequente ao evento.

Método: foram analisados dados de 323 empresas não financeiras listadas na B3, totalizando 2.712 observações (empresas/ano) entre 2010 e 2020. Os dados foram obtidos nos sites da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da ComDinheiro e no repositório de dados de Perlin (2020). Utilizamos estatística descritiva, testes de diferença entre médias e regressão com dados em painel para a análise.

Resultados: empresas que reapresentaram suas demonstrações financeiras pagaram honorários de auditoria mais elevados no ano subsequente e tiveram maior chance de troca de firma de auditoria.

Contribuições: este estudo é relevante para auditores, membros de comitês de auditoria e governança, e fornecem evidências para embasar decisões sobre contratação e rescisão de auditorias independentes. Indica que o aumento nos honorários pode ser uma compensação pelo risco percebido, e a troca de firma de auditoria pode servir como uma forma de punição ou proteção da reputação organizacional diante das reapresentações.

O artigo foi publicado na REPeC, em 2024. Há muitos trechos interessantes no artigo, mas eis um deles: 


Imagem criada pelo ChatGPT

17 abril 2024

Litígios podem ajudar o clima

A litigação climática está em destaque novamente após uma decisão histórica na semana passada. O principal tribunal europeu de direitos humanos considerou que o governo suíço estava violando os direitos humanos de seus cidadãos por sua falta de ação climática. O caso, movido por mais de 2.000 mulheres idosas, é um dos mais de 2.300 processos climáticos que foram apresentados contra empresas e governos ao redor do mundo (veja 'Casos climáticos disparam').

Mas as ações judiciais relacionadas às mudanças climáticas fazem diferença nas ações de nações e corporações? Pesquisadores dizem que a litigação está incentivando governos e empresas a intensificar as medidas climáticas.

"Há uma série de vitórias notáveis na justiça que levaram a ações por parte dos governos", diz Lucy Maxwell, advogada de direitos humanos e co-diretora da Climate Litigation Network, uma organização sem fins lucrativos em Londres.

(...)

Um caso crucial que estimulou mudanças foi movido contra o governo holandês em 2013, pela Fundação Urgenda, um grupo ambientalista baseado em Zaandam, na Holanda, juntamente com cerca de 900 cidadãos holandeses. O tribunal ordenou que o governo reduzisse as emissões de gases de efeito estufa do país em pelo menos 25% até 2020, em comparação com os níveis de 1990, uma meta que o governo atingiu. Como resultado, em 2021, o governo anunciou um investimento de €6,8 bilhões (US$7,2 bilhões) em medidas climáticas. Também aprovou uma lei para eliminar o uso de energia a carvão até 2030 e, conforme prometido, fechou uma planta de produção de carvão até 2020, diz Maxwell.

Em 2020, jovens ativistas ambientais na Alemanha, apoiados por organizações como o Greenpeace, venceram um caso argumentando que a meta do governo alemão de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 55% até 2030 em comparação com os níveis de 1990 era insuficiente para limitar o aumento da temperatura global a "bem abaixo de 2 ºC", o objetivo do Acordo Climático de Paris de 2015. Como resultado, o governo fortaleceu sua meta de redução de emissões para um corte de 65% até 2030 e estabeleceu uma meta para reduzir as emissões em 88% até 2040. Também antecipou uma meta para alcançar a 'neutralidade climática' — garantindo que as emissões de gases de efeito estufa sejam iguais ou inferiores às emissões absorvidas da atmosfera por processos naturais — para 2045 em vez de 2050. “Na Holanda e na Alemanha, ações foram tomadas imediatamente após as ordens judiciais”, diz Maxwell.

E quanto aos casos que falham?

Casos que falham no tribunal podem ser benéficos, diz Joana Setzer no Grantham Research Institute on Climate Change and the Environment da London School of Economics and Political Science.

Em um caso de 2015 chamado Juliana v. Estados Unidos, um grupo de jovens processou o governo dos EUA por não fazer o suficiente para desacelerar as mudanças climáticas, o que eles afirmavam violar seu direito constitucional à vida e à liberdade. “Este é um caso que enfrentou muitos obstáculos legais, que não resultou em uma mudança de política ordenada pelo tribunal. Mas ele aumentou a conscientização pública sobre questões climáticas e ajudou outros casos”, diz Setzer.

Um processo que se beneficiou do caso Juliana foi vencido no ano passado por jovens em Montana, diz Setzer. O tribunal decidiu que o estado estava violando o direito dos demandantes a um “ambiente limpo e saudável”, ao permitir o desenvolvimento de combustíveis fósseis sem considerar seus efeitos no clima. A decisão significa que o estado deve considerar as mudanças climáticas ao aprovar ou renovar projetos de combustíveis fósseis.

O que acontece quando as pessoas processam corporações?

Em um artigo de trabalho, Setzer e seus colegas descobriram que a litigação climática contra corporações pode afetar os preços das ações das empresas. Os pesquisadores analisaram 108 processos climáticos movidos entre 2005 e 2021 contra corporações públicas dos EUA e europeias. Eles descobriram que as petições e decisões judiciais contra grandes empresas de combustíveis fósseis, como Shell e BP, resultaram em quedas imediatas nas avaliações e preços das ações das empresas. “Descobrimos que, especialmente após 2019, há uma queda mais significativa nos preços das ações”, diz Setzer. “Isso envia uma mensagem forte para os investidores e para as próprias empresas de que há um dano reputacional que pode resultar dessa litigação”, diz ela.

Em uma análise de 120 casos climáticos, publicada em 17 de abril pelo Grantham Research Institute, a equipe de Setzer descobriu que a litigação climática pode coibir o greenwashing nas publicidades das empresas — isso inclui fazer declarações enganosas sobre o quão amigáveis ao clima certos produtos são, ou desinformação sobre os efeitos das mudanças climáticas. "Com as ações judiciais sendo movidas, as empresas estão definitivamente se comunicando de maneira diferente e sendo mais cautelosas", diz ela.

Fonte: aqui

Borsen e o efeito de um desastre sobre um ativo cultural

Um incêndio atingiu o histórico Borsen, na Dinamarca, destruindo quase metade do antigo prédio da bolsa de valores, de 400 anos, ontem. O marco histórico de Copenhague, que atualmente abriga a Câmara de Comércio Dinamarquesa, estava passando por reformas quando o incêndio começou, por volta das 8h30, horário local. A causa do incêndio permanece desconhecida e não foram registrados mortos ou feridos.


O Borsen, que fica ao lado do prédio do parlamento, era conhecido por sua torre com cauda de dragão, encimada por três coroas que representam os laços estreitos do país com a Noruega e a Suécia - a lenda diz que a torre protege o prédio contra ataques e incêndios. As autoridades disseram que o incêndio foi mais intenso ao redor da torre e que os serviços de emergência enfrentaram desafios devido aos andaimes das reformas e ao telhado de cobre do edifício, que precisa ser removido para que a água seja borrifada de cima. Várias centenas de artefatos históricos foram resgatados do edifício. 

Fonte da notícia: 1440 newsletter

Quando do incêndio de Notre Dame postamos uma boa discussão sobre o assunto. 

Tesla tenta novamente o pacote de remuneração recorde de Musk

Há quase três meses, um tribunal de Delaware anulou o pacote de pagamento multibilionário de Elon Musk que o conselho da Tesla - e a maioria dos acionistas - havia dado a ele em 2018, alegando que o processo de decisão foi "profundamente falho" e que a empresa não o divulgou adequadamente aos investidores.


Esta manhã, a Tesla disse que pediria aos acionistas que votassem novamente sobre o mesmo pacote de remuneração, agora avaliado em cerca de US$ 47 bilhões, em sua reunião anual em 13 de junho. O conselho da empresa está efetivamente solicitando aos acionistas, agora munidos de todas as informações que foram reveladas sobre as negociações no tribunal, que tornem a decisão do tribunal discutível.

É provável que a votação desencadeie uma batalha amarga entre investidores e especialistas em governança sobre se os acionistas devem oferecer a Musk o pacote de remuneração mais rico da história corporativa dos EUA. Isso ocorre em um momento em que a Tesla enfrenta novos desafios, especialmente a queda nas vendas, que eliminou bilhões de seu valor de mercado nos últimos meses.

O contexto: Em 2018, a Tesla apresentou um pacote que daria a Musk o direito de comprar até 304 milhões de ações a um preço predefinido de US$ 23,34 - se ele cumprisse uma série de marcos financeiros cada vez mais difíceis de alcançar. Se ele não os cumprisse, não receberia nada. Na época, a empresa valia US$ 59 bilhões.

Fonte: DealBook

Eficiência de mercado e divulgação contábil

No momento que a Fundação IFRS resolve alterar a divulgação da demonstração do resultado é interessante rever os primórdios do processo. Na década de 60 e 70 as finanças corporativas incorporaram conceitos de eficiência, risco beta, carteira e outros. O efeito sobre a contabilidade já aparece nos anos sessenta, mas torna-se marcante com a estrutura conceitual que seria incorporada pelo Fasb logo a seguir. No livro Financial Accounting Theory, de William Scott, tem um trecho bem interessante sobre a questão da eficiência dos mercados para evidenciação. 

 Uma análise inicial das implicações da eficiência dos mercados de valores mobiliários para a divulgação financeira surgiu em um artigo de W. H. Beaver, "Quais Deveriam Ser os Objetivos do FASB?" (1973). Beaver escreveu para explicar a contadores práticos algumas das implicações do que era, na época, uma nova teoria. Aqui, vamos esboçar os argumentos de Beaver.

De acordo com Beaver, a primeira grande implicação é que as políticas contábeis adotadas pelas empresas não afetam seus preços de segurança, desde que essas políticas não tenham efeitos diferenciais nos fluxos de caixa, as políticas particulares usadas sejam divulgadas, e informações suficientes sejam fornecidas para que o leitor possa converter entre diferentes políticas. Assim, Beaver consideraria escolhas de políticas contábeis, como, por exemplo, a amortização de ativos fixos por método linear versus saldo decrescente, como tendo apenas efeitos "no papel". A política escolhida afetará o lucro líquido reportado, mas não afetará diretamente os futuros fluxos de caixa e dividendos. Em particular, o valor do imposto de renda que a empresa deve pagar não será afetado pela sua escolha de política de amortização, já que os departamentos fiscais têm suas próprias formas de permitir muitas deduções do lucro, independentemente de como a empresa os contabiliza em seus livros. Se os investidores estiverem interessados nos futuros fluxos de caixa e dividendos e se escolher entre políticas contábeis não influenciar diretamente essas variáveis, a escolha da empresa entre políticas contábeis não deverá importar.

O argumento do mercado eficiente é que, desde que as empresas divulguem sua política selecionada e quaisquer informações adicionais necessárias para converter de um método para outro, o mercado pode enxergar até as últimas implicações em fluxo de caixa e dividendos, independentemente de qual política contábil seja realmente usada para relatar. Na prática, o mercado eficiente não é "enganado" por políticas contábeis divergentes ao comparar títulos de diferentes empresas. Isso sugere que a administração não deve se preocupar com quais políticas contábeis específicas elas usam, desde que essas políticas não tenham efeitos diretos nos fluxos de caixa. Assim, vemos que a divulgação completa se estende à divulgação das políticas contábeis da empresa. Isso é reconhecido pelos padrões estabelecidos. Por exemplo, o IAS 1 afirma que um conjunto completo de demonstrações financeiras inclui a divulgação de políticas contábeis.

Uma segunda implicação segue: os mercados de valores mobiliários eficientes andam de mãos dadas com a divulgação completa. Se a administração de uma empresa possuir informações relevantes sobre a empresa e se isso puder ser divulgado a baixo custo ou sem custo, a administração deve, então, divulgar essas informações de forma oportuna, a menos que tenha certeza de que as informações já são conhecidas pelos investidores por outras fontes. Mais geralmente, a administração deve desenvolver e divulgar informações sobre a empresa, desde que os benefícios para os investidores superem os custos. Os motivos são duplos. Primeiro, a eficiência do mercado implica que os investidores usarão todas as informações disponíveis sobre a empresa na medida em que se esforçam para melhorar suas previsões de retornos futuros, de modo que informações adicionais não serão desperdiçadas. Segundo, quanto mais informações uma empresa divulgar sobre si mesma, maior será a confiança dos investidores no funcionamento do mercado de valores mobiliários, uma vez que há menos informações privilegiadas para se preocupar.

Em terceiro lugar, a eficiência do mercado implica que as empresas não devem estar excessivamente preocupadas com o investidor ingênuo, ou seja, as informações financeiras não precisam ser apresentadas de forma tão simples que todos possam entendê-las. O raciocínio, de Fama (1970), é que se o suficiente dos investidores entenderem as informações divulgadas, o preço de mercado das ações de uma empresa será o mesmo que seria se todos os investidores as entendessem. Isso ocorre porque os investidores informados tomarão decisões de compra/venda com base nas informações divulgadas, movendo o preço de mercado em direção ao seu nível eficiente. Além disso, os investidores ingênuos podem contratar seus próprios especialistas, como analistas financeiros ou gestores de fundos de investimento, para interpretar as informações para eles, ou podem imitar as decisões de compra/venda dos investidores informados. Como resultado, qualquer vantagem informacional que os investidores informados tenham é rapidamente arbitrada. Em outras palavras, os investidores ingênuos podem confiar no mercado eficiente para precificar títulos de forma que sempre reflitam tudo o que é publicamente conhecido sobre as empresas que os emitiram. Isso é conhecido como proteção de preço aos investidores pelo mercado eficiente.

Desde o artigo de Beaver, os contadores reconheceram que há uma variedade de razões para negociar títulos. Por exemplo, alguns investidores podem tomar uma decisão racional de confiar no preço de mercado como um bom indicador de retornos futuros, em vez de incorrer nos custos de se tornar informado. Outros podem negociar por uma variedade de razões não relacionadas a carteiras — talvez uma necessidade inesperada de dinheiro tenha surgido. Consequentemente, "ingênuo" pode não ser a melhor palavra para descrever investidores não informados. Isso é considerado mais detalhadamente na Seção 4.4.


Uma última implicação é que os contadores estão em competição com outros provedores de informações, como sites e outras mídias, divulgações pela administração e várias instituições financeiras. Ou seja, a revisão de crenças é um processo contínuo, como apontado na Seção 3.3.3. Assim, se os contadores não fornecerem informações úteis e eficazes, o papel da função contábil diminuirá ao longo do tempo, à medida que outras fontes de informações assumem o controle — os contadores não têm um direito inerente de sobreviver no mercado competitivo de informações. No entanto, a sobrevivência será mais provável se os contadores reconhecerem que a responsabilidade final de sua profissão é para com a sociedade. Essa visão de longo prazo é incentivada por padrões que promovem informações úteis, por penalidades para indivíduos que abusam da confiança pública para ganhos de curto prazo e por incentivo ao comportamento ético. 

O artigo de Beaver foi publicado em 1973. Ele ilustra o entusiasmo inicial dos teóricos da contabilidade pelos mercados eficientes de valores mobiliários.

Fonte da imagem: aqui